terça-feira, 24 de janeiro de 2012

sem veRgonha



Eu não tenho veRgonha. Sim, veRgonha, com R bem grande, em destaque. PoRque o que eu quero dizeR é que eu não tenho veRgonha do meu sotaque, que parece ficaR bem grande, em destaque, já que vivo num lugaR onde falo de foRma diferente da maioria. Não tenho veRgonha de falaR assim, puxando o erre. Não tenho veRgonha quando peRcebem que sou de outro lugaR. Não me impoRto com o olhaR do taxista no retrovisoR quando peço pra virar à esqueRda. Já cansei de ouviR pedidos de ‘fala poRta, poRteiro, poRtão’. Não acho graça, mas não me impoRto em sabeR que tem gente que acha. Não, eu não tenho veRgonha do meu sotaque. Pra seR sincera, tenho mesmo é o maioR oRgulho. PoRque aprendi a falaR assim poR causa dos meus pais. E se as pessoas que eu mais admiro no mundo falam dessa foRma, poR que eu falaria diferente? Tenho oRgulho do meu sotaque, que representa a minha terra. A minha cidade. Um dos lugares mais lindos do mundo – e ceRtamente um dos meus favoritos. Não, eu não tenho veRgonha. Deve seR poR isso que, mesmo depois de tantos anos com todos ao meu redoR falando de um jeito diferente do meu, não me impoRto em deixar bem claro, a cada palavra, a cada frase, em cada conveRsa, que eu não sou daqui.

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