quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Causo das férias - o aniquim


Um dos lugares mais lindos que já vi. Um vilarejo de gente simples e acolhedora, cercado de águas doces e salgadas, além daquelas maravilhosas dunas de areia branquinha que ficavam dançando no ritmo do vento. Era nossa primeira manhã ali e a excitação seria visível se houvesse ali alguém a nos observar. O lugar é mais que um paraíso: é um paraíso particular. A não ser pelos poucos nativos que passam por nós de vez em quando, com  olhar que mistura curiosidade e timidez, só nós dois. Caminhamos pela praia, passamos pelo mangue, pelos barcos dos pescadores e escalamos as dunas. Observamos o encontro das águas bem à nossa frente e, naquele calor de mais de 30°, o próximo passo era óbvio: um banho. Ele entrou primeiro. Vem logo. E eu fui. Fui entrando naquela água deliciosa, clarinha, quentinha. Ele ali, com aquele sorriso lindo no rosto, com cara de quem sabe que o único compromisso do dia é não ter compromisso nenhum. De repente, com um pequeno passo, tudo mudou. Meu foco não era mais curtir o banho de rio com o meu marido, ou aproveitar as férias naquele paraíso. O foco era a dor terrível que, de repente, gritava no meu pé. Pisei em alguma coisa. O que? O que? Sai da água, ele falou, preocupado, depois que eu gritei. Saí da água e ele apertou meu pé, na tentativa de tirar dali algum espinho ou ferrão. Um minúscula gota de sangue foi a única coisa que saiu daqueles dois furinhos quase invisíveis que agora faziam parte do peito do meu pé esquerdo. Que dor! O que será isso? Ficamos preocupados. E será que aquele incidente poderia atrapalhar o nosso passeio, que estava apenas começando? Consegue andar? Sim, eu conseguia. Doía muito, mas dava pra andar. Um casal de pescadores que encontramos pelo caminho deu o diagnóstico: aniquim. Nada de mais. Só 24 horas de dor. Deu 24 horas, a dor passa. Outros moradores a quem contamos o causo e mostramos o hematoma concordaram com o diagnóstico do primeiro casal. E, pelo que parece, estavam todos certos: o que depois encontrei no Google como niquim [sem o “a” dos nativos] é um peixe muito venenoso, que adora o encontro de águas doces e salgadas do nordeste. A picada do aniquim [eu sei, o correto é niquim, mas nos acostumamos a chamá-lo pelo mesmo nome que os nativos] não estragou nosso passeio. Fiquei, sim, um pouco receosa antes de entrar na água de novo, mas aquele calor, aquelas ondas, toda aquela maravilha me convenceram rapidinho que valia a pena. Doeu mesmo por 24 horas – ou até um pouco mais – mas nada que impedisse uma caminhada preguiçosa pela orla ao lado dele, apreciando o pôr do sol. E hoje, quase um mês depois, o que ficou foram as fotos e nossas piadinhas com o aniquim que, de acordo com o Yuri, deve estar morrendo de dor na coluna, depois de um pezão desses tê-lo esmagado enquanto ele descansava tranquilo nas águas de Mundaú.

2 comentários:

Anônimo disse...

Que orgulho!
Como escreve bemmmmmmmmmm ...
Bjs.

Anônimo disse...

Quel...
Seu blog é um showwwwwwww !
Passe a livro logo.
Mesmo como anônimo ,foi progresso né?kkkkkkkkkkkkkkkk...
Saudades...
Um beijão de sua madrinha que te ama