sexta-feira, 4 de junho de 2010

Um dia qualquer

Aquele dia foi tão cansativo... mil coisas pra fazer, mil roteiros pra criar (e outros mil pra alterar). Eu tinha contas pra pagar, sujei a blusa na hora do almoço e bati o joelho na quina da mesa. Aquele dia não foi só cansativo. Foi um daqueles dias que poderiam ter acabado antes de começar.
Saí do trabalho no piloto automático - cabeça na lua, pensando que tudo que eu queria era chegar em casa, tomar um bom banho e me encaixar nos braços dele. Foi aí que lembrei de um detalhe que fez o dia ficar ainda mais chato: a gente só iria se encontrar depois das 23h. E ainda eram 19h! Ele tinha aula naquele dia...
E foi atravessando a rua, passando pelos carros e pelas pessoas com a cara mais emburrada que eu sei fazer, que vi aqueles olhos... aquele sorriso... No meio do caos cotidiano das 19h, quando todo mundo tem pressa, buzina ou corre atrás do ônibus, aquele sorriso me fez acelerar os passos e trocar minha cara emburrada. E quando ele me abraçou, parecia que sabia que era exatamente daquilo que eu precisava. Ele me soltou, olhou nos meus olhos, disse "preciso ir" e me deu beijo. Eu sorri um sorriso de alegria, de alívio. Um sorriso de saber que, se ele pudesse, daria meia volta e iria comigo pra casa. Um sorriso de quem ganhou um abraço que transformou um dia dispensável em um dia inesquecível.
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