terça-feira, 24 de janeiro de 2012

sem veRgonha



Eu não tenho veRgonha. Sim, veRgonha, com R bem grande, em destaque. PoRque o que eu quero dizeR é que eu não tenho veRgonha do meu sotaque, que parece ficaR bem grande, em destaque, já que vivo num lugaR onde falo de foRma diferente da maioria. Não tenho veRgonha de falaR assim, puxando o erre. Não tenho veRgonha quando peRcebem que sou de outro lugaR. Não me impoRto com o olhaR do taxista no retrovisoR quando peço pra virar à esqueRda. Já cansei de ouviR pedidos de ‘fala poRta, poRteiro, poRtão’. Não acho graça, mas não me impoRto em sabeR que tem gente que acha. Não, eu não tenho veRgonha do meu sotaque. Pra seR sincera, tenho mesmo é o maioR oRgulho. PoRque aprendi a falaR assim poR causa dos meus pais. E se as pessoas que eu mais admiro no mundo falam dessa foRma, poR que eu falaria diferente? Tenho oRgulho do meu sotaque, que representa a minha terra. A minha cidade. Um dos lugares mais lindos do mundo – e ceRtamente um dos meus favoritos. Não, eu não tenho veRgonha. Deve seR poR isso que, mesmo depois de tantos anos com todos ao meu redoR falando de um jeito diferente do meu, não me impoRto em deixar bem claro, a cada palavra, a cada frase, em cada conveRsa, que eu não sou daqui.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Hora de ir pra cama

Nunca tive problema pra dormir. Se me aconchego no ombro do Yuri enquanto vemos TV ou se minha cabeça encosta no travesseiro, os olhos se fecham e o sono chega rapidinho. Nas últimas noites, tem sido diferente. Pelo ritmo da sua respiração, sinto que ele já dormiu faz tempo, e me esforço pra não ficar virando de um lado pro outro, pra que ele não acorde. Não sei se conta como insônia, mas o que não me deixa dormir são as ideias. É tanta coisa passando pela minha cabeça, tantos planos, tantos projetos, que demoro pra finalmente relaxar e deixar o sono tomar seu espaço. Penso nas pesquisas que preciso fazer pra saber todos os detalhes antes de colocar os planos em prática. Penso nas pessoas que quero envolver. Penso nos diálogos que quero ter. Atropelo o tempo e penso no que virá depois. Quero mudança. Quero agora. Quero fazer a diferença, pra que 2012 seja diferente. Mas, pra hoje, o que eu quero mesmo é que meu cérebro se acalme e entenda que não dá pra resolver tudo de uma vez. E que deixe o sono e os sonhos chegarem sem freio.