quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Nasceu!

Há vinte e tantos anos, a gente levava as panelinhas pro alpendre e montava nossa casinha. Os meninos, que corriam na rua e nunca sonharam em fazer parte da nossa brincadeira, eram nossos maridos. As folhas dos pés de beijo faziam a comidinha, que a gente carinhosamente chamava de baba-de-vaca, pela textura gosmenta, depois de tanta mistura. E, claro, tínhamos nossos filhinhos. Na maior parte do tempo, só dormiam, ou ficavam no colo - ou a gente pegava os pobres pelos pés, de cabeça pra baixo - mas a gente se achava muito mãe. E agora, em dezembro de 2012, nós quase chegando nos 30, não tem panelinha no alpendre, os maridos são de verdade e não tem mais baba-de-vaca pro almoço. Mas tem o Lucas nos seus braços, amiga. Um filhinho de verdade! Você vai ser - já é, né? - uma mãe sensacional, não tenho dúvida. E eu gosto de pensar que todo aquele tempo que passamos brincando de casinha foi importante pra te preparar pra esse momento. Nasceu o Lucas. Nasceu uma mamãe dentro da minha amiga.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Prima-irmã

Meus pais me deram 2 irmãos - os melhores do mundo, aliás. E a vida me deu uma irmã. Temos os mesmos sobrenomes (os dois!), os mesmos avós (tanto por parte de pai quanto por parte de mãe - das duas!), os mesmos primos, os mesmos tios. Só nossos pais e irmãos não são os mesmos. Não crescemos na mesma casa, mas sempre juntas. Não moramos na mesma cidade, mas sempre juntas. Geralmente temos milhares de quilômetros entre nós, mas sempre juntas. Sermos primas-irmãs é muito mais do que pura nomenclatura. Amo quando, no meio de uma viagem, você se lembra de mim e me manda e-mail dizendo "você ia adorar" ou "precisamos vir aqui juntas". Adoro conhecer o mundo através dos seus olhos.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

E a vida?

Como a vida muda. E como mudam as pessoas. E os sonhos. Um dia você acorda e percebe que algo mudou dentro de você. E às vezes também do lado de fora. Muitas ou poucas, pequenas ou grandes, as transformações aconteceram. Elas surgiram aos poucos – ou será que de repente? – naqueles tantos dias que você passou em busca dos sonhos que nunca mudam, ao lado daqueles que você mais ama. Ou foram naqueles dias em que você estava cansado demais, ou com preguiça demais, ou ocupado demais pra buscar esses sonhos, ou mesmo pra lembrar que eles existiam? Talvez seja impossível determinar o exato momento em que elas surgiram. Mas foram esses os dias que trouxeram as mudanças. Foram esses dias que de alguma forma impactaram sua mente e seu coração e fizeram de você diferente. Que marcaram em sua personalidade novos traços, em sua mente novos pensamentos, em sua vida, novos caminhos e destinos. E foram também esses mesmos dias, pais de tantas mudanças, que mantiveram dentro de você aqueles sonhos que continuam iguais. Aqueles sonhos de coisas, pessoas e lugares que inundam seu coração. Aqueles que trazem sorrisos e lágrimas quando são mencionados. Aqueles que são enormes, mas que se ajeitam, se abraçam, se espremem e criam espaço para os novos. E como é sensacional a experiência do descobrimento. Algo que você antes não queria, ou pensava não querer, e que agora enfia o pé na porta e entra; entra em cada pensamento seu e toma conta de tudo. E você percebe que não é só mais uma ideia. Será que vai passar, como aqueles outros que vieram e ficaram por uns dias, como uma ideia fixa, quase uma obsessão, ou vai se aconchegar, criar raízes e te acompanhar pelo resto da vida, até mesmo depois de realizado, como aqueles outros? Dessa vez eu acho que fica. Esse eu acho que fica. Não é mais uma ideia. Já virou um sonho. Dos grandes. Pra sonhar junto. Como a vida muda. E como mudam as pessoas. E os sonhos. E como é maravilhoso olhar no espelho e reconhecer, naquele reflexo cheio de mudanças, os traços familiares de sempre. Aquele você de sempre.  Ah, como a vida muda. E como é maravilhoso que continue igual.

quarta-feira, 28 de março de 2012

aniversário de namoro

Ele chegou cheio de sorrisos e histórias. Ninguém mais teve minha atenção naquela noite. Nos dias seguintes, parecia que alguém brincava com os nossos horários e nossos trajetos, pra ter certeza de que iríamos nos encontrar. Coincidência? Destino? Pode chamar do que quiser. O importante é que depois disso a gente percebeu que transformar encontros casuais em programas, palavras em carinho e despedidas em beijos era nossa única opção. Era o que a gente queria, o que a gente pensava, o que a gente sentia. Os programas viraram namoro, que se transformou em noivado, que virou casamento. E nove anos depois daquele primeiro beijo, o que eu mais quero é continuar dividindo minha vida com ele. Mal posso esperar pelo próximo minuto.

segunda-feira, 19 de março de 2012

quando você menos espera...

Há 9 anos, eu acordei achando que seria apenas mais um dia. Mal imaginava a surpresa que a vida ia me fazer, e como aquela pessoa que eu conheci, com quem fiquei conversando a noite toda e que me deixou em casa com um abraço e um "foi um prazer te conhecer" ia mudar tudo. Eu não estava te esperando. Mas aí veio a vida e me trouxe você.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

sem veRgonha



Eu não tenho veRgonha. Sim, veRgonha, com R bem grande, em destaque. PoRque o que eu quero dizeR é que eu não tenho veRgonha do meu sotaque, que parece ficaR bem grande, em destaque, já que vivo num lugaR onde falo de foRma diferente da maioria. Não tenho veRgonha de falaR assim, puxando o erre. Não tenho veRgonha quando peRcebem que sou de outro lugaR. Não me impoRto com o olhaR do taxista no retrovisoR quando peço pra virar à esqueRda. Já cansei de ouviR pedidos de ‘fala poRta, poRteiro, poRtão’. Não acho graça, mas não me impoRto em sabeR que tem gente que acha. Não, eu não tenho veRgonha do meu sotaque. Pra seR sincera, tenho mesmo é o maioR oRgulho. PoRque aprendi a falaR assim poR causa dos meus pais. E se as pessoas que eu mais admiro no mundo falam dessa foRma, poR que eu falaria diferente? Tenho oRgulho do meu sotaque, que representa a minha terra. A minha cidade. Um dos lugares mais lindos do mundo – e ceRtamente um dos meus favoritos. Não, eu não tenho veRgonha. Deve seR poR isso que, mesmo depois de tantos anos com todos ao meu redoR falando de um jeito diferente do meu, não me impoRto em deixar bem claro, a cada palavra, a cada frase, em cada conveRsa, que eu não sou daqui.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Hora de ir pra cama

Nunca tive problema pra dormir. Se me aconchego no ombro do Yuri enquanto vemos TV ou se minha cabeça encosta no travesseiro, os olhos se fecham e o sono chega rapidinho. Nas últimas noites, tem sido diferente. Pelo ritmo da sua respiração, sinto que ele já dormiu faz tempo, e me esforço pra não ficar virando de um lado pro outro, pra que ele não acorde. Não sei se conta como insônia, mas o que não me deixa dormir são as ideias. É tanta coisa passando pela minha cabeça, tantos planos, tantos projetos, que demoro pra finalmente relaxar e deixar o sono tomar seu espaço. Penso nas pesquisas que preciso fazer pra saber todos os detalhes antes de colocar os planos em prática. Penso nas pessoas que quero envolver. Penso nos diálogos que quero ter. Atropelo o tempo e penso no que virá depois. Quero mudança. Quero agora. Quero fazer a diferença, pra que 2012 seja diferente. Mas, pra hoje, o que eu quero mesmo é que meu cérebro se acalme e entenda que não dá pra resolver tudo de uma vez. E que deixe o sono e os sonhos chegarem sem freio.